Rita Correia soube fazer uma hibridação entre a natureza-morta e a (sua) paisagem. Olhando para o seu vaso, não como objecto, mas como uma presença constante da casa que habita. E um simples vaso pode ser um reflexo de um perdido jardim do Éden. Em forma de pintura, o vaso é o huis clos, que se abre em dádiva para nós. Não só torna evidente uma presença constante na sua vida, na sua casa, como a torna visível e partilhada. Assim, esse jardim fechado e portátil é um mundo de percepções e de prazer para os sentidos, que carrega a memória de uma Fons Vitæ. Instaura um pequeno mundo num desejado regresso à terra. Gera uma harmonia com a natureza cada vez mais perdida e constrói uma memória inscrevendo-a no tempo-imagem. Nesse encontro com o que se perde, ganha a oportunidade do conhecimento da Pintura. E nesse percurso, aprende a esperar, a recomeçar a cada novo estudo, como a cada nova primavera. A reparar, num contínuo exercício que se propõe ao olhar, de modo a chegar ao Ver. A contemplação é aprender a Ver.